Precificação de ativos: análise do fator book-to-market após o deemed cost
DOI:
https://doi.org/10.16930/2237-766220192781Palavras-chave:
CAPM, Modelos multifatoriais, Book-to-market, Custo atribuído (deemed cost)Resumo
A determinação do custo de capital próprio é um assunto extensivamente pesquisado e discutido em finanças, possibilitando o desenvolvimento de novos estudos correlatos. No mercado brasileiro, Noda, Martelanc e Kayo (2016) obtiveram resultados discordantes dos encontrados por Fama e French (1995, 1996), indicando que tais divergências podem ser explicadas pela elevada taxa de inflação. Assim, esta pesquisa busca analisar se após o deemed cost - como meio de dirimir os efeitos da inflação - os retornos obtidos pelas carteiras construídas com base no índice book-to-market (PL/VM) são estatisticamente diferentes dos observados pelo Capital Asset Pricing Model (CAPM) e pelo indicador lucro/preço (L/P). Por meio dos resultados foi possível concluir que o índice L/P não se apresentou como mais efetivo para reconhecer ações “baratas” ou “de valor”, frente ao índice book-to-market. Estes resultados são divergentes dos encontrados por Noda et al. (2016) e coincidem com os resultados encontrados por Fama e French (1995, 1996), evidenciando que o modelo tradicional de três fatores explica os retornos das carteiras construídas com base no book-to-market. Isso posto, pode-se indicar que a alta inflação histórica do mercado brasileiro, em específico para as firmas cujos ativos são mais antigos, faz com que as informações contábeis das entidades sejam menos significativas. Contudo, mensurações como as realizadas pelo deemed cost podem suavizar o impacto da inflação, concedendo maior representatividade para as informações contábeis, evidenciado assim, que práticas como o custo atribuído exercem influência nas expectativas dos usuários, conforme também verificado por Demaria e Dufour (2007) e Cerqueira, Rezende, Dalmácio e Silva (2013).Referências
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