Há espaço para pesquisa qualitativa na Contabilidade?
evidências a partir das teses brasileiras
DOI:
https://doi.org/10.16930/2237-766220253503Palavras-chave:
Pesquisa Qualitativa, Teses, Ciências Contábeis, Pesquisa QuantitativaResumo
O objetivo principal deste artigo é verificar a produção acadêmica de teses nos programas de pós-graduação em Ciências Contábeis no Brasil no período de 2007 a 2021 em relação às abordagens metodológicas quantitativa, qualitativa ou mista de pesquisa, a fim de compreender em que medida a percepção da predominância dos trabalhos quantitativos é, de fato, verídica. Foram analisadas 522 teses, das quais 364 utilizaram a estratégia de pesquisa quantitativa, o que corresponde a cerca de 70% das teses analisadas. Ainda, 114 teses utilizaram a estratégia qualitativa (cerca de 22% das teses analisadas) e 44 teses utilizaram a estratégia mista (cerca de 8% das teses analisadas). Assim, notou-se a maior procura pela estratégia quantitativa, desproporcional às demais e com incremento nos últimos anos, reforçando a ideia de formação de “ilhas” de conhecimento ou “tribos” de pesquisadores. Pode-se também inferir que tal predileção tem conexão com a ideia de produtivismo acadêmico. Pertencendo a ciência contábil a um campo científico por si só recente e, ainda mais, ao considerar seu tempo de existência em solo nacional, este artigo contribui para possíveis avanços no sentido de se refletir sobre a forma de se fazer pesquisa na área e os mecanismos de incentivo aos pesquisadores, bem como às bases em que tais pesquisadores têm sido formados. Questões relacionadas a problemas de pesquisa que potencialmente não são analisados por demandarem mais dos pesquisadores são outro ponto importante de reflexão que esta pesquisa suscita.
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