Pessoas não-binárias no mercado de trabalho
uma revisão integrativa da literatura
DOI:
https://doi.org/10.16930/2237-766220253618Palavras-chave:
Pessoas Não-binárias, Mercado de Trabalho, Inclusão, OrganizaçõesResumo
O artigo explora as experiências e desafios enfrentados por pessoas não-binárias em ambientes laborais. A não-binariedade refere-se a identidades de gênero que transcendem o binário masculino-feminino, desafiando normas cisnormativas estruturais da sociedade. Estima-se que 1,19% da população brasileira se identifique como não-binária, representando cerca de 2,4 milhões de pessoas. Globalmente, esse número pode chegar a 160 milhões. A exclusão enfrentada por esses indivíduos no mercado de trabalho é exacerbada por práticas organizacionais baseadas em uma visão binária de gênero. Normas como a segregação de banheiros, promoções e políticas de vestuário perpetuam a marginalização de pessoas não-binárias. Além disso, a literatura organizacional ainda oferece pouca atenção às suas vivências e desafios. Dessa forma, o estudo adota a Teoria Queer e a noção de performatividade de gênero para analisar criticamente a literatura existente e discutir formas de inclusão. A revisão encontrou 17 artigos que tratam do tema, evidenciando a marginalização dessas pessoas e a falta de políticas inclusivas em organizações globais. A pesquisa sugere que as empresas devem promover treinamentos sobre diversidade de gênero e repensar a gestão da diversidade nos locais de trabalho. A revisão aponta para a necessidade de mais estudos que investiguem como o exorsexismo se manifesta no ambiente corporativo e as implicações legais da omissão de discriminação de gênero.
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